sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

The Macallan 64 anos em Decanter Lalique

Fundada em 1824, a The Macallan foi uma das primeiras destilarias de malt whisky da Escócia. Quase 200 anos depois, o endereço em Speyside permanece intacto, sob o castelo Easter Elchies House, considerado um lar espiritual da The Macallan.

Desde então, o segredo dos whiskies da marca é o meticuloso processo de destilação, que vem sendo preservado desde o início do século XIX. A dedicação e a habilidade dos Master Blenders faz toda a diferença no que diz respeito à escolha dos melhores ingredientes – cevada, levedos e água – para a composição do whisky, na utilização de técnicas especializadas que usam apenas a melhor porção da bebida produzida (cut), nos cuidados durante a fase de envelhecimento, utilizando barris de carvalho de excelente qualidade… Enfim, há um conjunto de fatores que tornam o The Macallan um verdadeiro nectar dos deuses.

Recentemente, o mais raro e mais antigo whisky The Macallan foi leiloado por um valor que superou todas as cifras anteriores, tornando-o o whisky mais caro do mundo. O The Macallan 64 anos foi maturado desde 1946 em barris de carvalho espanhol e se tornou o whisky mais antigo já produzido na história da destilaria.

Para celebrar os 150 anos do nascimento de René Lalique, fundador da mais tradicional grife de cristais francesa, o The Macallan 64 anos foi acondicionado em um decanter de cristal especialmente desenvolvido pela Lalique em Paris.

A união da The Macallan e da Lalique, desde 2004, forma uma das mais finas e criativas parcerias entre a Escócia e a França, uma verdadeira celebração de duas grandes tradições nacionais.
O decanter foi feito artesanalmente, empregando uma técnica conhecida como Cire Perdue, ou ‘cera perdida’, uma antiga prática utilizada para confeccionar grandes peças em bronze, a partir de moldes de cera. Em seguida, a garrafa recebeu dedicação especial de artesãos da Lalique, que finalizaram o trabalho gravando manualmente os detalhes que decoram ricamente este decanter.

Desde o mês de abril, o The Macallan 64 anos em Decanter Lalique participou de exposições ao redor do mundo, arrecadando doações para a ONG charity: water, uma instituição não governamental empenhada em levar água potável às populações mais carentes dos países subdesenvolvidos.

O primeiro evento beneficente foi realizado em Paris, passando por Londres, Madri, Johanesburgo, Moscou, Cingapura, Hong Kong, Shanghai e Tóquio, antes de aterrisar em seu último destino – Nova York. Em cada roadshow, o The Macallan 64 anos contou com a participação de celebridades, artistas e grandes empresários, e possibilitou a arrecadação de milhares de dólares para a ONG charity: water.

Em Nova York, o The Macallan 64 anos em Decanter Lalique foi leiloado pela Sotheby’s, no último dia 15 de novembro, e foi arrematado por US$ 460 mil, batendo o recorde mundial e se tornando o whisky de valor mais elevado do mundo. Esta arrecadação também foi doada integralmente para a ONG charity: water.

Isso só foi possível graças à tradição e a reputação inabalável da The Macallan em produzir malt whiskies que são desejados por colecionadores do mundo todo.

Preço: US$ 460.000 – valor do arremate no leilão da Sotheby’s em Nova York

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

SubAstor desvenda universo da coquetelaria

Sem uma tradição consolidada no Brasil, a coquetelaria ainda é temática pouco explorada e vista por muitos como inacessível. Em São Paulo, no entanto, o Sub, instalado desde 2009 no subterrâneo do Astor, é autoridade no assunto e resolveu abrir as portas para quem quer se aprofundar neste mundo, criando a primeira plataforma digital inteiramente voltada para o universo da mixologia (http://www.subastor.com.br/app). O aplicativo foi pensado para aqueles que nunca provaram um drinque, quem está dando os primeiros passos e buscam mais informações, e também para os experts, que podem utilizar o projeto como um ponto de troca de informações sobre as novidades e tendências sobre bebidas.

Assim nasceu o app, que possibilita que o cliente viva novas experiências navegando por histórias, dicas, receitas e belas imagens. Ao passear pela plataforma é possível encontrar informações divididas em três blocos. Um deles conta a trajetória do Sub, mostra o papel do bartender e alerta para o consumo de álcool com responsabilidade. Outro faz uma introdução sobre destilados e fermentados. E um terceiro traz 20 vídeos, 53 receitas com fotos e a origem de cada um dos drinques. O destaque, no entanto, fica por conta da ferramenta de busca pelos diferentes coquetéis servidos no Sub a partir de uma barra de rolagem que combina sensações (frutada, amarga, herbácea e cítrica) e bebidas (gim, espumante, vodca, entre outros). Se escolher, por exemplo, uma mistura picante preparada com cachaça, visualizará na tela o The Wallpaper, um dos hits do menu.

O aplicativo, assinado pelo Sub e desenvolvido em parceria com a KNS, produtora de conteúdo digital, chega ao mercado de forma simples e acessível. Desde o mês de novembro está disponível em dois IPad no salão do Sub. Agora já é possível baixá-lo de graça em Ipad, em iPhone e acessá-lo via web, pela página do bar no Facebook. O material pode ser visto em português, inglês e espanhol. Tudo, porém, é só a primeira das novidades. Em breve, a plataforma ganhará outras áreas com mais vídeos e textos, além de um blog, atualizado semanalmente por Junior W.M com temas relevantes sobre mixologia e bartending. Junior chegou recentemente a Companhia Tradicional do Comércio para coordenar o bar do Sub, do Astor, do BottaGallo, do Original, do Pirajá e do Venga! e vai alimentar o blog nos mesmos moldes do trabalho que fez por anos com sucesso no site Papo de Homem, em que assinava como Dr. Drinks.


Serviço:
End: embaixo do Astor
Rua Delfina, 163, Vila Madalena – (11) 3815-1364.
São Paulo/SP


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Comidas regionais do seridó

Caicó é um município brasileiro do interior do estado do Rio Grande do Norte, principal cidade da região do Seridó, localizada a 256 km da capital estadual, Natal.

Caicó possui uma rica identidade gastronômica devido produção de leite, carne-de-sol e do queijos de manteiga e de coalho.  Possui pratos típicos como o arroz-de-leite, munguzá, farofa d’água, paçoca de carne de sol, carne-de-sol-assada, umbuzada, filhós de mel e suco de cajarana.

Além dos pratos típicos da culinária regional, é possível encontrar também uma culinária contemporânea criada  pelo talentoso chef Sandro Medeiros, do restaurante Brilhante que, a parti dos produtos encontrados na região,  cria seu próprio menu, utilizando-se da criatividade e conhecimento, capta toda a essência dos sabores locais combinando técnicas regionais e contemporâneas, criando pratos que transmitem toda a riqueza da região.

Ao lado da esposa Rosineide Medeiros, que é seu braço direito para suas inspirações, auxilia na elaboração das preparações, uma delas é o caviar de caju, que o casal  prepara a receita cortando caju em cubinhos e cozinhando com tomate, cebola roxa, pimentão, alho, azeitonas, alcaparras, vinagre balsâmico e molho shoyo.

Sandro,  além do dom para cozinha, carrega consigo também o sobrenome que herdou do antepassado Jesuíno Brilhante, considerado o primeiro cangaceiro do RN.

Brilhante tem em seu cardápio pratos como o rondelli de macaxeira com carne de sol, o kibe de carne de sol recheado com queijo de manteiga, o tortellini de macaxeira também com carne de sol e queijo e até a Bruschetta do Seridó, feita com batata doce, manteiga de garrafa, carne de sol e queijo coalho ralado.
A fusão desses ingredientes combinados pelo chef são extremamente harmônicas, quando mesclados com caju, uma de suas iguarias mais exploradas, Sandro procura ameniza o amargor do cajú e manter vivo o leve gosto do doce que possui. Para servir o caviar de caju, Sandro desenvolveu ainda um biscoito de macaxeira, feito com a própria macaxeira, queijo de coalho e farinha de trigo sem fermento.

Parabéns pelo lindo trabalho!!!
  
 Restaurante Brilhante
Rua Joel Damasceno, 833
Caicó
(84)  3417-3866

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Whiskys e charutos

Um bom charuto pede uma boa bebida.
Entre as opções alcoólicas o whisky se destaca como o destilado mais conhecido do mundo. As inúmeras marcas e os diversos tipos de whisky permitem combinações preciosas com charutos premium.

O charuto é o cachorro enrolado, assim como o whisky é o cachorro engarrafado, para usar a metáfora do inesquecível poeta e compositor Vinícius de Moraes. Não há melhores amigos do homem, principalmente se os dois forem saboreados simultaneamente.

Para chegar a uma combinação feliz entre whisky e charuto é preciso analisar as características de ambos e tentar harmonizações a partir de alguns princípios básicos, levando em conta os estilos disponíveis dos dois prazeres. É necessário levar em conta esses princípios para obter uma combinação agradável.

O paladar de um charuto suave e fresco é diferente em termos de peso e nuances do que de um charuto meio fumado, e é diferente em cada avanço da banda.


Evolução

Com ou sem charutos, o whisky deve ser saboreado puro, sem gelo, com algumas gotas de água neutra para ajudar a liberar seu aroma característico. Assim ele revelará seu caráter por inteiro, mas aos poucos. Um bom whisky evolui no copo, apresentando após alguns minutos características diferentes de sabor e perfume, ou um equilíbrio distinto entre os diferentes elementos de sua composição.

O mesmo ocorre com os charutos premium, que evoluem durante a fumada, liberando suas qualidades conforme o fumante percorre os três terços em que classicamente eles são divididos.

Sendo assim, o harmonização entre charutos e whiskies não deve levar em conta apenas os traços clássicos de aroma e sabor, mas também o fator tempo, ou evolução. No quesito harmonia (charuto e whisky, como se pode ver, dá samba) como na maioria das harmonizações temos duas opções: combinar por afinidade (sabor doce, aroma floral ou amadeirado etc.) ou contraste (doce e azedo, pungente e suave). A experiência mostra que, no caso, os melhores resultados estão nas harmonizações com afinidade – principalmente entre os representantes mais intensos e potentes.

Charutos e whiskies se destacam por certos traços. Os charutos, se forem puros encorpados, intensos, em que tabaco, terra, couro, especiarias e madeiras se destacam, podem abafar certos traços mais sutis dos whiskies, como nuances florais, amêndoas e baunilha. Da mesma forma, whiskies complexos pesados, como os de puro malte da ilha de Islay (Laphroig e Lagavulin, por exemplo), intensos em sabores e odores marítimos ou turfa, encobrem certas sutilezas de fumos mais suaves.

Por Celso Nogueira
 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Tampas de rosca e rolhas sintéticas

Os puristas odeiam, mas os defensores da tampa de rosca alegam que ela é fácil de se abrir e de se fechar após o consumo, o que aumenta o potencial de conservação da bebida depois de ter a garrafa aberta. O uso de tampas de rosca ou mesmo de rolhas sintéticas nos vinhos é uma alternativa à escassez da tradicional rolha de cortiça, que é hoje um dos itens mais caros no preço do vinho. Uma rolha custa aproximadamente US$ 1. Elas são caras porque a cortiça é extraída da casca do sobreiro, uma árvore só existente nos países ibéricos (Portugal e Espanha) e cuja casca leva 30 anos para regenerar-se.

Uma vertente de enólogos sustenta que a tampa de rosca ou a rolha de cortiça não interferem no sabor de vinhos novos, mas a polêmica é grande. Os alarmistas garantem que se o consumo de vinho continuar a crescer no ritmo atual, não haverá mais rolhas de cortiça até os meados deste século.

Vejam alguns bons argumentos para passar a entender melhor o uso:

1. Em primeiro, e mais importante, lugar: elas não afetam o vinho.
As rolhas, elaboradas com a casca do sobreiro, estão sujeitas a fungos e contaminações que podem modificar diretamente o vinho.

2. Não estão sujeitas a movimento.
Por serem seladas com alta-pressão, mudanças de temperatura e pressão interna da garrafa não podem permitir a entrada de oxigênio nas garrafas, como podem quando são suficientes para movimentar as rolhas.

3. O isolamento é completo, impedindo a oxidação prematura do vinho.
De forma que podemos esperar de cada garrafa exatamente o que se declara dela, sem variações abruptas de características e de qualidade.

Sem dúvida nenhuma o vinho está imageticamente relacionado às rolhas de cortiça e aos saca-rolhas, ao ritual do corte das cápsulas e ao trabalhoso (e às vezes cansativo) esforço de se retirar a rolha. Não teremos, porém, escapatória: cada vez mais vinhos, de diferentes níveis de qualidade, utilizarão as novas, seguras, mas menos estéticas tampas de rosca.
A Screwcap Initiative, grupo neo-zelandês de viti-vinicultores que difunde a utilização da tampa de rosca, possui um completo site com todas as informações necessárias sobre o funcionamento e utilização das tampas de rosca e rolhas sintéticas.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Dicas para degustar vodkas

A Vodka é uma bebida destilada popular, incolor, quase sem sabor e com um teor alcoólico entre 35 e 60%. A vodca é a bebida nacional da Rússia, sendo que o nome vodca é o diminutivo de água  ("aguinha") em várias línguas eslávas, contudo não se tem certeza da origem etimológica. 

Assim como o vinho, a cerveja e o uísque têm características marcantes e informações presentes em suas embalagens, produtores de vodca têm buscado o mesmo caminho, porém ainda há muita desinformação sobre o assunto. Como saber, então, avaliar o sabor dessa bebida?

O que nos facilita é ter sempre o conhecimento prévio sobre os estilos e classificações, para melhor  avaliar.

Existem 3 tipos de vodka básicos, sendo classificados como:
  • Ocidental - prima pela pureza e claridade, possuindo aroma neutro e um sabor de álcool limpo combinado à suavidade. As técnicas de produção levaram a uma vodca com mínimas quantidades de resíduos aromáticos e de sabor;
  • Polonês - é caracterizada pela pureza, mas cria uma vodca de sabor e aroma mais acentuados. Possui um discreto aroma adocicado e um paladar suave, onde o sabor adocicado demora a desaparecer. São ligeiramente mais oleosas;
  • Russo - bebidas muito suaves de sabor marcante e agradável, marcado por uma sensação de queima depois de ingeridas

Como avaliar?
Após estabelecer que existem diferenças entre as vodkas (tipos e estilos), devemos também levar em conta o processo de destilação, onde algumas são destiladas em colunas e outras, após a destilação em coluna, também passam por outra destilação em alambique de cobre, que confere maior complexidade no sabor e nos aromas. É muito importante também levar em conta à partir de qual matéria prima a vodka foi fermentada (grãos ou uva).

A inspiração vem do mercado de diamantes, que usa a ferramenta de 4 Cs para avaliar uma pedra. São elas: cut, color, clarity and carat (corte, cor, clareza e quilate). Já os 4 Fs devem ser apoiados pelo histórico de produção da bebida, assim darão base para uma avaliação mais completa do produto. A degustação não deve necessariamente avaliar se um produto é melhor do que o outro, mas sim, qual se adapta melhor à finalidade desejada. Desse modo, o consumidor poderá saber com certeza como deve ser servida a vodca.

Fragrance: odor, essência ou perfume;
Flavour: a reação sensorial através do estímulo do paladar;
Feel: a impressão física do líquido na boca;
Finish: a sensação que fica na boca após engolida a bebida. O que ela deixa?

Passos para degustação:

1. Coloque a vodka escolhida em um pequeno copo e deixe alguns minutos até que o copo e o liquido fiquem à temperatura ambiente.

2. Primeiro, cheire a vodka. Perceba se o cheiro do álcool sobe rapidamente e queima ou faz arder seu nariz e olhos ou, se o cheiro é apenas forte, mas agradável.

3. Segundo, beba um pequeno gole e espalhe a vodka na frente da boca, depois na parte de trás da boca, antes de engolir. Sinta se a vodka queima as papilas gustativas ou somente as revigora.

4. Terceiro, respire fundo imediatamente antes de engolir e sinta como o vapor alcoólico chega à garganta. Novamente, perceba se é uma sensação de ardência ou uma queimação agradável.

5. Engula esta pequena quantidade e identifique onde você começa a sentir a bebida conforme ela desce.

6. Finalmente, beba o restante e engula. Perceba se a sensação de queimação se inicia na garganta e depois desce. Ou, se a queimação se inicia no estômago e sobe para o tórax.

7. Aprecie a pós-degustação. Há alguma sensação residual? Com algumas vodkas você pode detectar um sabor de alcaçuz ou de anis no fundo da boca. Este é um sinal de que você bebeu uma vodka destilada de grãos.

8. O paladar de cada um de nós é uma característica individual, no entanto, todos podemos distinguir uma vodka de qualidade se soubermos como avaliá-la.

Com o passar do tempo e o aprimoramento do paladar, seremos capazes de distinguir as características e  qualidade da vodka para apreciá-la cada vez mais.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A historia do mundo em 6 copos

Entre meio a termos técnicos, em discutir ou encontrar aromas e sabores, o mundo das bebidas é bem mais amplo e curioso do que podemos imaginar. Segue abaixo a dica de um inusitado livro, ja lançado a alguns anos, mas uma ótima referência para aqueles iniciados ou iniciantes no tema das bebidas, comentado por Jerônimo Teixeira.


Nas primeiras linhas de História do Mundo em 6 Copos (tradução de Antônio Braga; Jorge Zahar; 240 páginas; 32,50 reais), o leitor é informado de que um ser humano pode sobreviver semanas sem comer, mas duraria apenas uns poucos dias sem líquidos. Esse fato fisiológico simples serve como um lembrete dramático da importância do tema do livro – as bebidas e sua influência na história.

O jornalista inglês Tom Standage, editor de tecnologia da revista The Economist, demonstra que a bebida é uma necessidade vital não apenas para o indivíduo, mas também para as civilizações. De acordo com sua argumentação, os seis copos anunciados no título – cerveja, vinho, destilados, café, chá e Coca-Cola – serviram de esteio econômico para impérios e ajudaram a moldar a cultura de sucessivas eras. Sem a invenção dessas beberagens maravilhosas, o ser humano dificilmente teria deixado a vida de nômade para se fixar em aldeias, vilas, cidades. Aglomerações humanas tendem a contaminar as fontes de água pura. A cerveja foi um dos primeiros meios de contornar esse problema: o álcool produzido pela fermentação do cereal garantia que o líquido seria razoavelmente salubre.

A bebida era, além disso, uma fonte alternativa de calorias que não corria o risco de ser devorada por insetos ou bichos. Sumérios e egípcios estão entre os povos antigos que adotaram a cerveja como sua bebida preferencial. Um provérbio do Egito antigo rezava que, se um homem está contente, sua boca só pode estar cheia de cerveja. Os gregos preferiram o vinho e fizeram dessa bebida uma forma de distinção cultural. Seus banquetes tinham regras estritas para a diluição da bebida – tomar vinho puro era prática dos povos "bárbaros". O Império Romano herdou esse gosto pelo vinho, acrescentando um toque mais elitista a seu consumo: nas festas romanas, vinhos de diferentes qualidades eram servidos de acordo com a posição social de cada convidado.

A julgar pelo largo hiato cronológico no livro de Standage, a Idade Média foi um período de gargantas secas. É verdade que os árabes então se dedicaram a aprimorar métodos de destilação – mas foi só com a expansão colonial do século XVI que o conhaque, o uísque e principalmente o rum entraram na corrente sanguínea do comércio mundial. Fáceis de conservar, os destilados se prestavam para as grandes travessias marítimas. O rum chegou a ser usado como moeda para comprar os escravos africanos que, no Novo Mundo, plantariam cana para a produção de açúcar – e de mais rum. Depois dessa vasta era alcoólica, 6 Copos conduz o leitor aos tempos racionalistas da cafeína, estimulante que se encontra no café, no chá e na Coca-Cola. Assim como os destilados, o café é uma herança árabe adotada com entusiasmo pela Europa.

Prestava-se à socialização e à troca de idéias: a partir do século XVII, os cafés de Londres e Paris criaram um ambiente democrático para as discussões de filósofos, cientistas e homens de negócios. Originário da China, o chá invadiria a Inglaterra no século seguinte para se tornar a bebida-símbolo do imperialismo britânico. A Coca-Cola herdou essa aura imperial: inventada por um farmacêutico charlatão de Atlanta, sul dos Estados Unidos, no fim do século XIX, acabaria se convertendo num estandarte do poderio econômico americano. É também a marca mais conhecida do planeta – ou seja, a mais globalizada das bebidas. A globalização, porém, não trouxe a uniformização pasteurizada que seus críticos mais apocalípticos temiam. O vinho, o chá e outras bebidas que conferiram identidade a impérios hoje extintos ainda freqüentam as mesas de todo o mundo. Nunca antes na história os copos foram tão ecléticos – e democráticos.

Fonte: Revista Veja